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O programa DESSEM é um modelo de otimização desenvolvido pelo Cepel. Seu principal objetivo é determinar a programação diária da operação de sistemas hidrotérmicos, incluindo as fontes intermitentes, em um horizonte de até duas semanas e com discretização de até meia hora. O modelo é utilizado oficialmente pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) desde janeiro de 2020 para a programação diária da operação do sistema brasileiro, e desde janeiro de 2021 pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para a determinação do preço de energia horário para o dia seguinte.

 

De forma a promover o planejamento e programação da operação observando a otimização dos custos e a consideração adequada da aversão a risco em um horizonte mais longo, o modelo DESSEM atua de forma coordenada com os modelos DECOMP e NEWAVE, já utilizados desde 2000 para planejamento da operação e estabelecimento do preço semanal, em três patamares de carga.

 

O modelo tem passado por diversos aprimoramentos desde 1998, com a incorporação de uma vasta gama de restrições e funcionalidades. Houve dois processos de validação pelo ONS e CCEE, em 2003 e 2014, antes da validação mais rigorosa ocorrida entre 2017 e 2020, para utilização oficial a partir de 2020 no processo de despacho diário e preço horário no Brasil.

Modelagem dos Componentes do Sistema e Restrições Consideradas

As usinas são representadas no nível de unidade geradora e considera-se o fluxo de potência na rede de transmissão por meio de uma modelagem DC, podendo levar em conta ou não as perdas nos circuitos. São reproduzidas diversas restrições da rede elétrica, como limites individuais de fluxo nas linhas, limites de somatório de fluxo (inequações) em um conjunto de linhas, além de restrições adicionais de segurança fornecidas por meio de tabela ou funções lineares por parte, como mostrado a seguir.


Figura 1 – Restrições de segurança

Representam-se, também, as restrições de unit commitment das usinas termoelétricas, como custos de partida e parada, trajetórias de acionamento e desligamento, geração mínima (quando ligada), tempos mínimos ligada e desligada, restrições de rampa de variação horária na geração, além de outras restrições que estabelecem condições específicas para operação das unidades. Além disso, é retratada a operação de usinas térmicas a ciclo combinado, considerando-se custos de transição entre os seus diversos modos operativos.

Figura 2 – Dados de usinas termoelétricas

A variação não linear da produtividade das usinas hidrelétricas em função da altura de queda é representada com detalhes, com o uso de uma modelagem linear por partes que leva em consideração o impacto de variação das cotas de montante e jusante, atentando-se também para a possibilidade de remanso nas usinas em cascata. Reproduz-se, de forma acurada, o balanço de água nos reservatórios e ao longo dos rios, por meio de tempos de viagem fixos ou curvas de propagação não lineares, e considera-se o efeito não linear da evaporação. Usinas de bombeamento (reversíveis) e canais entre reservatórios também podem ser levados em conta.

Figura 3 – Dados de usinas hidrelétricas

Fontes intermitentes de geração (eólica e solar) e unidades de armazenamento de energia (baterias) podem ser representadas, além de mecanismos de resposta da demanda, cujo programa piloto vem sendo implantado pelo ONS e CCEE.

Figura 4 – Fontes intermitentes

O modelo considera ainda diversas outras características e restrições operativas para as usinas hidrelétricas, como vazões mínimas operativasevaporação nos reservatórios, usos múltiplos da água (irrigação, abastecimento), volumes de espera para controle de cheias, enchimento de volume morto, restrições de variações de nível em seções de rio, entre outras. Podem ser reproduzidas restrições de limite inferior e superior e de variação horária para todas as variáveis operativas do problema, como vazão defluente e cota dos reservatórios. 

Figura 5 – Características e restrições operativas para as usinas hidrelétricas.  

O acoplamento com o planejamento a curto prazo é feito por meio de uma função de custo futuro, construída pelo modelo DECOMP, que sinaliza o valor da água em cada reservatório como uma função dos níveis de todos os reservatórios do sistema. Podem ser estabelecidas, de forma complementar, metas semanais de intercâmbio ou geração térmica ao longo do horizonte do DESSEM.  

Estratégia de Solução 

O problema de despacho é formulado por programação linear inteira-mista. Funções e restrições não lineares – como perdas quadráticas nos circuitos e restrições fornecidas por meio de tabelas – são tratadas por aproximações lineares sucessivas e/ou processos iterativos, nos quais são incluídas as expressões exatas das restrições de limite de fluxo de potência DC da rede elétrica. 

São aplicadas técnicas avançadas de programação inteira mista, como busca local (“local branching”) e “feasibility pump”, de forma a reduzir o tempo computacional para resolução do problema, permitindo sua aplicação para o despacho real de sistemas hidrotérmicos como o brasileiro, composto por mais de 160 usinas hidrelétricas, 300 unidades geradoras térmicas, 7500 barras e 10000 linhas de transmissão.

Figura 6 – Técnicas de otimização do DESSEM. 

Principais resultados fornecidos pelo modelo DESSEM:  

  • custos marginais de energia em base de meia hora, por barra ou submercado;  
  • despacho de cada unidade geradora por meia hora no dia seguinte, com ou sem rede elétrica;  
  • despacho das usinas eólicas, com opção de corte de carga (“constrained-off”); 
  • operação horária dos reservatórios, com destaque para os de regularização diária;  
  • fluxos nas linhas e injeções nas barras da rede elétrica, e status das restrições de segurança da rede elétrica.  

Figura 7 – Resultados do DESSEM. 

 

 O modelo emite diversos relatórios adicionais que permitem avaliar a qualidade da modelagem realizada pelo programa em comparação com a formulação exata (não linear e/ou não convexa) de alguns aspectos do problema, como: 

    • Função de produção não linear das usinas hidrelétricas; 
    •  Evaporação não linear nos reservatórios; 
    •  Engolimento máximo não linear nos reservatórios; 
    •  Restrição não linear de nível em rios (ex: Régua 11 de Itaipu).

O programa também emite relatórios de monitoramento do status de atendimento às restrições do problema, tais como: 

  •  Restrições elétricas e de segurança dinâmicas; 
  •  Reserva de potência; 
    •  Restrições operativas hidráulicas (RSARH).

Por resolver um problema de otimização inteiro-misto, a utilização do DESSEM requer uma licença de uso do pacote de otimização CPLEX®, que deve ser adquirida diretamente com um representante do software. 

Integração com outros programas  

modelo DESSEM se integra a diversos outros programas do Cepel L para provimento de dados e análise de resultados, como:

  • ANAREDE, para análises de fluxo de potência AC a partir de arquivos de saída contendo o ponto operativo obtido pelo DESSEM; 
  • VENTOS, que pode gerar cenários de produção eólica a serem simulados com o DESSEM; 
  • PrevCargaDESSEM, PREVIVAZH e Sistema CHEIAS, que geram dados de entrada de previsão de carga nas barras, previsão de vazões afluentes às usinas hidrelétricas e restrições de controle de cheias para serem consideradas no DESSEM. 
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