Em trabalho pioneiro, equipes do Cepel e da Eletrobras Furnas finalizaram, no início deste ano, a implantação do SOMA (Sistema Orientado ao Monitoramento de Ativos) na UHE Simplício. A unidade passa a ser a primeira do sistema Furnas a possuir monitoramento total de seus conjuntos de turbina-gerador com solução desenvolvida pelo Centro.
Localizada na divisa entre os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, a hidrelétrica tem potência instalada de 305,7MW divididas em três unidades geradoras. Todas elas agora são monitoradas via plataforma web, com o objetivo final de maximizar o tempo e a qualidade de operação, bem como a vida útil dos seus equipamentos.
“A escolha desta usina como pioneira foi estratégica. Trata-se da UHE mais próxima do Rio de Janeiro, facilitando, portanto, o deslocamento e a logística para as viagens, comuns neste tipo de implementação. Além disso, a UHE Simplício possui uma infraestrutura bem adequada para a execução da atividade”, afirma Hélio Amorim, pesquisador de Cepel e um dos idealizadores da solução envolvendo dois produtos do Centro, o SOMA e o IMA-DP, sistema de monitoramento de descargas parciais.
Amplamente empregado em diversas usinas do Brasil, como a UHE Itaipu Binacional, o SOMA aplica tecnologias da Indústria 4.0, como Inteligência Artificial, Internet das Coisas e Digital Twins, para traduzir dados de monitoramento em informações úteis para tomada de decisão por parte dos gestores de manutenção. O sistema é capaz de monitorar diversas grandezas, sendo as principais as mecânicas, elétricas, térmicas e de processo. “As variáveis indicadoras dos modos de falhas mais críticos em equipamentos elétricos, quando correlacionadas às grandezas de processo, formam um conjunto de informações fundamentais para o diagnóstico eficaz do conjunto turbina-gerador”, explica Amorim.
Segundo o pesquisador, além dos recursos técnicos, o SOMA proporciona um benefício financeiro em relação a outras soluções do gênero. Não só o investimento inicial é abaixo da média do mercado, como também “Os custos indiretos devem ser levados em consideração, tais como: acesso imediato a novas versões do sistema e a treinamento especializado promovido pelo Cepel, comissionamento do sistema e consultoria”, afirma Amorim. Ele aponta ainda a transferência de conhecimento entre as empresas como uma das maiores vantagens, por criar “uma sinergia entre as equipes, valorizando a engenharia nacional, à medida que todo o desenvolvimento da solução tecnológica foi realizado no Brasil”, conclui.
A expansão para outras plantas já está em curso, estando prevista instalações similares nas UHE Furnas, UHE Porto Colômbia e UHE Funil, todas em estágio avançado. As equipes envolvidas no trabalho são compostas por Ricardo Manhães, Rodrigo Pinto, Gilson Ribeiro, Marcos Fonseca e Anderson Ventura, de Furnas, e Leonardo Neves, Caio Cunha e Ighor dos Santos, pesquisadores do Cepel que atuam nos projetos SOMA e IMA-DP.